Nós adultos muitas vezes recorremos a comida para aliviar sentimentos ruins. Infelizmente esse comportamento não é apenas exclusividade nossa. Um estudo realizado revelou que muitas crianças também “descontam” emoções na comida , ou seja, elas também buscam o prazer ao comer.
Os pesquisadores, para chegarem nessa conclusão, ofereceram quatro tipos de snacks a 91 crianças entre 4 e 9 anos de idade. Elas separadas em grupos assistiram a diferentes cenas da animação ‘Rei Leão’. Ao terminar a exibição, notaram que o tipo de clipe assistido influenciou diretamente nas escolhas alimentares das crianças. Também revelou a pesquisa que, quanto mais velha a criança, maiores as chances de sua alimentação ser influenciada pelos sentimentos.
Os que comeram mais chocolate foram justamente os que assistiram a cenas mais tristes ou felizes. Já os que acompanharam trechos “neutros” preferiram comer biscoitos salgados. A nutróloga Liliane Oppermann explica o porque das crianças preferirem comidas mais calóricas quando estimuladas emocionalmente, isso se deve a uma questão fisiológica: “Esses alimentos estimulam a liberação de neurotransmissores, como a serotonina, que ativam áreas do cérebro relacionadas ao prazer. Além de suprir a necessidade de nutrientes, algumas comidas também podem trazer sensação de recompensa”.
Mas como o próprio nome diz , a “fome emocional” não pode ser explicada somente pela biologia. Para Rita Calegari, psicóloga da Rede de Hospitais São Camilo (SP), a alimentação impulsionada por emoções também pode ser relacionada por fatores culturais. “Desde muito pequenos, somos ensinados que o ato de comer é prazeroso. A amamentação, por exemplo, é sinônimo de proteção e aconchego. Por isso é natural que as crianças também usem a comida como meio de buscar conforto”.
Confira agora como minimizar os efeitos da fome emocional
1- Dê o exemplo
Toda consciência alimentar começa com o exemplo dos pais. “Não podemos pensar que ao mudar a alimentação das crianças, o problema estará resolvido. Quando falamos em comer bem, vale a comparação com as máscaras de oxigênio dos aviões: precisamos primeiro nos proteger, para depois ajudar as crianças”, explica a nutróloga Liliane Oppermann.
2- Não use a comida como moeda de troca
É comum que durante a infância os pais usem certos alimentos para “premiar” bons comportamentos, mas essa forma de compensação pode se tornar um problema. Quando isso se torna um hábito, a saúde é afetada e distúrbios como a obesidade podem aparecer. Lembre-se sempre que a comida não deve ser sinônimo de recompensa emocional, ela serve apenas para matar a fome.
3-Explique a diferença entre desejo e necessidade
É fácil perceber em um adulto quando a fome têm origem emocional, porém com as crianças não é bem assim. “Precisamos explicar que necessidade e desejo são coisas bem diferentes. A necessidade é um pedido do corpo por comida, enquanto o desejo é um luxo que traz sensação de contentamento”, confirma a psicóloga Rita Calegari.
4- Não compare os hábitos alimentares do seu filho aos de outras crianças
Se você tiver mais de um filho, saiba que a relação deles com a comida é diferente. Por isso não faça comparações entre eles, as necessidades e as carências de cada um devem ser analisadas individualmente.